quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Estamos no final de outubro e a trapalhada da colocação de professores ainda não acabou!


O Governo e a maioria PSD/CDS papaguearam, durante a abertura do ano letivo, que tudo decorria normalmente. Estamos em final de Outubro e ainda há horários nas escolas por preencher e muitos professores por colocar!

Com a mobilidade interna e, depois, com a reserva de recrutamento, foi o que se viu. Erros ainda não assumidos nem corrigidos e professores a serem chamados para as escolas, de um dia para o outro, já às portas do início do ano letivo.

De seguida, com a bolsa de contratação de escola, com mais de 2500 lugares por preencher, dá-se um erro na fórmula de cálculo e de ponderação para a organização das listas, que gerou situações de injustiça brutal, com ultrapassagens incompreensíveis de posições nas listas de docentes e outras situações incompreensíveis, como duplicação de colocações, onde mais de um professor era colocado para o mesmo lugar ou casos de professores que foram colocados em múltiplas escolas ao mesmo tempo.

De trapalhada em trapalhada, mas sempre a papaguear normalidade, o Ministério da Educação acaba, no dia 18 de setembro, no plenário da Assembleia da República, por assumir o erro da fórmula de cálculo da bolsa de contratação, e o Ministro pede desculpa, no momento do debate em que sabe que, devido à distribuição de tempos de intervenção, não terá mais qualquer hipótese de ser confrontado pelos Deputados.

Mas o Ministro da Educação disse mais, nesse debate. Disse, depois de reconhecer o erro, que as situações seriam corrigidas, através de um recálculo, que os professores colocados se manteriam colocados e que o problema seria resolvido sem que ninguém fosse prejudicado. Ocorre que, depois da anulação, por parte do Ministério, do concurso da bolsa de contratação, houve professores — e não poucos — que foram, efetivamente, prejudicados, que assumiram despesas e sacrifícios imensos de deslocalização (desde arrendamento de habitação até à transferência de escola dos filhos), e veio o Ministério determinar que esses Professores, não tendo outra colocação, vão para o desemprego. Prejudicados duplamente, portanto! O surrealismo do Governo levou o Secretário de Estado da Educação a declarar, pública e arrogantemente, que estes professores deveriam recorrer para tribunal (se quisessem defender os seus direitos).

A trapalhada continuou de tal modo que estamos o final de Outubro e ainda há professores por colocar. Bem pode o Ministro Nuno Crato ir pedindo desculpas, mas estes erros sucessivos do Ministério da Educação são indesculpáveis! Quando se fala de educação, fala-se de um pilar fundamental da democracia e do desenvolvimento, e as consequências das políticas deste Governo são demasiado arrasadoras para os alunos, para os professores, para os pais e, no fundo, para todos aqueles que, de uma forma ou de outra, fazem parte da comunidade educativa.

Este país precisa de estabilidade no método de colocação de professores, que só é garantida com uma lista nacional de graduação profissional, que não seja definida às portas do início do novo ano letivo e que vincule ao quadro os professores que vão preencher necessidades permanentes das escolas. Este país precisa de arredar estes métodos injustos, trapalhões, parciais, repletos de subcritérios esquisitos, de colocação de professores. Mas há também uma tónica de transparência que se impõe – é preciso que o Ministério da Educação divulgue aquilo que teima em não divulgar, que são as listas de colocação de professores em bolsa de contratação de escola. Não é justo que os candidatos não possam conhecer essas listas.

O Governo está todo ele associado a estas inúmeras trapalhadas e incompetências brutais. O Primeiro Ministro já veio declarar que considera que escolheu muito bem o Ministro da Educação. Com o Presidente da República só conta o Governo e mais ninguém. Impõe-se, pois, que toda a comunidade educativa reforce uma justa luta contra estas políticas que degradam a escola pública… e cada um dos seus elementos! A paciência esgota-se e o tempo também!

Sem comentários:

Enviar um comentário